Vida e Paixão
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Soy psicólogo y dirijo una clinica, soy simpático, creo que soy atractivo, muy ardiente y me gusta hacer el amor mucho e hacer amigos, viajar por diversos paises en vacacciones y el deportes. Home Page http://www.mrmarcinho.hpg.com.br Apelido: menthaux Idade: 30 Estado: PR Cidade: CASCAVEL Que bom que você me achou. Muito prazer !!!

segunda-feira, setembro 20, 2004
O Poder da Coincidência:
Alguns Comentários sobre Previsões "Psíquicas"
Robert Novella
Coincidências ocorrem na vida de todo mundo. Algumas são triviais, como receber um flush no pôquer, mas outras realmente chamam nossa atenção, como pensar em um amigo que não vemos há anos e recebermos um telefonema dele um pouco depois. O que esses eventos têm em comum é nosso desejo intenso em explicá-los, uma crença de que há uma razão especial para as coisas acontecerem da maneira que elas acontecem. Essas explicações podem variar de um pé de coelho da sorte até uma ligação psíquica com um amigo. O que a maior parte das pessoas não sabem ou não querem acreditar é que coincidências, mesmos as notáveis, não são assim tão surpreendentes. Na verdade a maioria são ocorrências inevitáveis sem nenhum significado especial.

Existem muitas razões simples pelas quais a maioria das pessoas interpreta erroneamente as coincidências:

Humanos têm uma pobre compreensão inata de probabilidade.
Acreditamos que todos os efeitos devem ter causas deliberadas.
Não compreendemos as leis que regem os números verdadeiramente grandes.
Sucumbimos facilmente à validação seletiva -- a tendência de lembrar somente correlações positivas e esquecer um número muito maior de insucessos.
Probabilidade não era uma disciplina muito popular quando fui para a faculdade. Isto é lamentável, porque compreender probabilidade pode dar o poder para apreciar mais grandiosamente o significado, ou a falta de significado, de muitos eventos do dia a dia. Uma compreensão precária de probabilidade e estatística, comum em nossa sociedade, leva as pessoas a se surpreenderem mais do que deveriam quando confrontadas com coincidências, por conseguinte um salto fácil em direção a uma explicação metafísica.

Por exemplo, quais são as chances de duas pessoas terem o mesmo dia de aniversário em uma sala com vinte e três pessoas? Muitas pessoas com quem tenho conversado dizem que deve ser uma em trinta ou mais. Surpreendentemente para a maioria das pessoas, é de somente uma em duas [1]. Desconhecer esse tipo de coisa tem levado muitas pessoas a concluírem que uma vez que suas experiências parecem tão improváveis, talvez elas compartilhem alguma ligação especial ou que uma força sobrenatural as uniu.

O verdadeiro significado de coincidências bizarras pode ser compreendido mais plenamente com o que é chamado de a lei dos números verdadeiramente grandes. Esta lei da estatística amplamente aceita declara que com uma amostra grande o suficiente, mesmo um evento extremamente improvável torna-se provável, e portanto qualquer coisa ultrajante está fadada a acontecer. Um exemplo notável disto ocorreu há alguns anos atrás quando uma mulher de Nova Jersey ganhou duas loterias no prazo de quatro meses. Os jornais anunciaram amplamente que é era uma coincidência de um em dezessete trilhões [2]. Tecnicamente falando, isto é correto; mas é enganador porque é baseado em uma perspectiva muito estreita. A chance de uma pessoa em particular ganhar duas loterias após comprar dois bilhetes é realmente uma em trilhões, mas a probabilidade de alguém ganhar entre os milhões que jogam é de apenas uma em trinta. Essa é a essência da lei dos números verdadeiramente grandes. Quando um número suficiente de pessoas está envolvido, ocorrências "incomuns" tornam-se altamente prováveis. Essa perspectiva dissipa o manto de mistério e coloca o foco no lugar correto, na ciência.

A memória humana não é como um gravador, gravando fielmente todas as experiências. As experiências dramáticas tendem a ser recordadas mais do que outras. Isto leva a um fenômeno chamado validação subjetiva, mais comumente conhecido como memória seletiva. Deste modo é natural lembrar-se de experiências incomuns, mesmo vítimas do Alzheimer com déficits significativos de memória de curto prazo podem relembrar mais facilmente eventos recentes que foram extraordinários. Voltando ao nosso amigo que ligou logo após você pensar nele, esse evento se torna muito menos notável se considerarmos quantas vezes pensamos em amigos que não nos ligaram em seguida.

Um truque comum usado por médiuns (freqüentemente chamado de efeito Jeanne Dixon) é fazer dezenas de previsões sabendo que quanto mais fizer, maiores são as chances de que acerte uma. Quando uma se torna real, o médium conta com que convenientemente esqueçamos os 99% que passaram longe. Isto faz com que as previsões corretas pareçam muito mais devastadoras do que realmente são. Isso é uma forma consciente ou deliberada de validação subjetiva, ou, colocado de uma maneira mais simples, fraude.

Nossas habilidades de detecção de coincidências têm sido finamente afiadas através das eras pela evolução e seleção natural. Ser capaz de identificar correlações significativas entre eventos proporcionaria uma importante vantagem de sobrevivência aos nossos ancestrais que seriam então selecionados através das gerações. Podemos especular, desse modo, que o homem é programado para procurar padrões e conexões por toda parte. A cultura moderna, entretanto, com sua miríade de conexões entre eventos e pessoas, ativa essas capacidades toda vez, levando-nos continuamente a sugerir explicações e invocar forças estranhas -- tais como poderes psíquicos -- que não existem.

Não quero dizer com isto que todas coincidências são sem sentido e deveriam ser ignoradas. De fato, eventos verdadeiramente improváveis podem ter algum significado nas entrelinhas e a busca por suas causas seria um esforço louvável. Entretanto, a vasta maioria das que vivenciamos vem a ser muito mais provável do que parece, se analisada criticamente. Quando isto é levado em conta, junto com nossa propensão em validação seletiva, nosso desejo em acreditar em algo ligado ao destino, e nosso "hardware" de detecção de coincidência, o verdadeiro poder ilusório da coincidência é percebido.

Referências:
Paulos JA. Coincidences. Skeptical Inquirer 15:382-385, 1991.
Kolata G. 1-in-a-trillion coincidence, you say? Not really, experts find. The New York Times/Science Times, Feb 27, 1990.
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posted by Mr Marcinho 2:37 da tarde
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Tênis e Frescobol

(Por Rubem Alves)


Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos e
relacionamentos são de dois tipos: há os casamentos do tipo tênis e há os
casamentos do tipo frescobol. Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de
raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo
frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.
Explico-me.

Para começar, uma afirmação de Nietzche, com a qual concordo
inteiramente. Dizia ele: "Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada
um deveria se fazer a seguinte pergunta: 'Você crê que seria capaz de
conversar com prazer com esta pessoa até sua velhice?' Tudo o mais no
casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas
construídas sobre a arte de conversar. Scheherazade sabia disso. Sabia que
os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela
manhã, e terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam
rapidamente, terminam na morte, como no filme O Império dos Sentidos. Por
isso,quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia
dizer
através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa
conversa sem fim,que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e
escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da
palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que
ressuscita
sempre, depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os
carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os
amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo
o
tempo todo: "Eu te amo...".

Barthes advertia:"Passada a primeira confissão, 'eu te amo' não quer
dizer mais nada. "É na conversa que o nosso verdadeiro corpo mostra, não em
sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de
Adélia
Prado:"Erótica é a alma".

O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a
sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola.
Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a
exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que
ele
vai dirigir sua cortada -palavra muito sugestiva -que indica o seu objetivo
sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar.O prazer do tênis se
encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais
continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com
a alegria de um e a tristeza de outro.

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas
raquetes
e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois
perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e
faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para
que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a
ser
derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz
quando o outro erra - pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de
um,
no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não
deveria ter acontecido, pois gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir
e vir...E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente
culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em
que ninguém marca pontos...

A bola: são nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de
palavras. Conversar é ficar batendo sonho prá lá, sonho prá cá.. Mas há
casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do
momento certo para a cortada. Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro
para
destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão...O que se busca é ter razão
e
o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde. Já no
frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser
preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O
bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de
sabão
do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor...

Ninguém ganha, para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro
viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...



posted by Mr Marcinho 2:27 da tarde
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